
Dezembro chega com um pé no presente e outro no futuro em Porto Alegre: entre os dias 9 e 12, o RS Fantástico promove a Mostra da Semana da Ficção Científica Brasileira 2025, uma programação que coloca o cinema fantástico gaúcho no centro da conversa sobre imaginação, inovação e identidade cultural. A edição leva à Cinemateca Capitólio e ao CineCinco, da PUCRS, uma seleção especial de produções realizadas no estado na última década — um percurso por futuros possíveis, distopias, cientistas improváveis e universos que só existem porque cineastas locais ousaram inventá-los.
A mostra nasce, inclusive, como forma de celebrar uma data especial para fãs e criadores do gênero: o Dia da Ficção Científica Brasileira, comemorado desde 2016 em 11 de dezembro, em homenagem a Jerônymo Monteiro, considerado o pai da ficção científica nacional. Ao organizar sua programação em torno da data, o RS Fantástico transforma a semana em um verdadeiro festival de futuros, reunindo obras que ampliam o horizonte da produção audiovisual de ficção científica feita no estado.
Ao percorrer a lista de filmes selecionados, fica evidente que o Rio Grande do Sul se firmou como um dos territórios mais inventivos da ficção científica brasileira. Para Daniela Israel, coordenadora do RS Fantástico, essa consolidação não é coincidência. “A ficção científica produzida no estado tem se expandido em variedade, qualidade e ousadia narrativa. Ao reunir obras que dialogam com futuros possíveis e também com o nosso próprio presente, mostramos que o setor audiovisual gaúcho tem uma identidade criativa forte e uma contribuição decisiva para a potência do cinema fantástico brasileiro”, afirma.
A abertura oficial da Mostra acontece no Capitólio no dia 9 de dezembro, às 20h, com o curta “20ª Atmosfera” (2014), de Emmanuell Hartmann, seguido do longa “Redenção” (2016), de Marcel Kunzler. No dia 10, também às 20h, o público confere a animação “Stone Heart” (2021), de Humberto Rodrigues, e o longa “Contos do Amanhã” (2020), de Pedro de Lima Marques.
A noite especial de 11 de dezembro será marcada pela exibição de “O Primeiro e o Último”, curta dirigido por Daniela Israel e que teve sua estreia este ano no Brooklyn Sci-Fi Film Festival, em Nova York (EUA). Nesta noite, também às 20h, será exibido o longa “Abrigo Nuclear”, clássico baiano que se tornou referência do gênero no Brasil e o único filme convidado produzido fora do Rio Grande do Sul. A obra chega para dialogar com a produção local e reforçar que a ficção científica nacional não apenas existe, como pulsa, e encontra no RS um dos seus terrenos mais férteis.
Encerrando a programação, o CineCinco da PUCRS recebe no dia 12, das 17h às 19h, uma maratona de curtas de ficção científica produzidos no RS, cada um oferecendo sua própria viagem pelo futuro, pelo fantástico e pela fronteira fluida entre ciência e imaginação. Serão exibidos: “O Menino das Estrelas” (2019), de Eduardo Christófoli; “Magnética” (2020), de Marco Arruda; “Luna 13” (2017), de Felipe Barros; “Stardust” (2019), de Zaracla; “1947” (2017), de Giordano Gio; “Mulher Ltda.” (2019), de Taisa Ennes; “A Princesa Morta do Jacuí” (2018), de Marcela Ilha Bordin; e “Carcinização” (2023), de Denis Souza. Todas as sessões são gratuitas e abertas ao público.
Para o gaúcho Pedro de Lima Marques, diretor de “Contos do Amanhã”, o evento também funciona como uma forma de aproximação entre público e criadores. “Queremos que as pessoas encontrem nesses filmes tanto a imaginação desenfreada quanto reflexões profundas sobre tecnologia, sociedade e humanidade. Este é um convite para olhar o futuro a partir do olhar dos nossos realizadores, que têm renovado o gênero no país com muita inventividade”, diz.
A Mostra da Semana da Ficção Científica Brasileira 2025 reforça o crescimento do gênero no Rio Grande do Sul, que nos últimos anos viu suas produções ganharem repercussão nacional, prêmios e uma identidade estética própria. Mais do que celebrar a ficção científica, a iniciativa — parte do RS Fantástico, ecossistema dedicado à inovação em filmes, séries, animações e games do universo fantástico — também evidencia a força do audiovisual gaúcho, pouco mais de um ano depois das enchentes que assolaram todo o estado.
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