
Para o Instituto MBCBrasil, os debates realizados durante a COP30 reforçaram a importância de uma transição energética realista e mostraram que todos os setores da economia e a sociedade como um todo seguem mobilizados, com iniciativas concretas e viáveis em andamento no Brasil e no mundo.
No caso da descarbonização do transporte, o estudo "Iniciativas e Desafios Estruturantes para Impulsionar a Mobilidade de Baixo Carbono no Brasil até 2040", conduzido pela LCA Consultores e publicado pelo Instituto MBCBrasil, foi destaque na COP30, mostrando que há espaço significativo para ampliar a oferta e uso de biocombustíveis, entre eles o biometano, etanol, biodiesel e HVO.
A ausência de um texto vinculante sobre a redução progressiva dos combustíveis fósseis na COP30 serve como estímulo para impulsionar ainda mais os investimentos, políticas públicas e cooperações internacionais para a aceleração de fontes renováveis.
Segundo o presidente do Instituto MBCBrasil, José Eduardo Luzzi, a expectativa de que Belém produzisse um acordo para o fim da energia fóssil era considerada tecnicamente complexa, devido à projeção de forte crescimento na demanda global por energia motivada pelo aumento da população e escalada de novas tecnologias, como IA e digitalização. "Reconhecer esse cenário não diminui a urgência climática, mas permite construir uma transição que seja acelerada, porém realista, evitando consequências econômicas ou riscos ao abastecimento".
Neste sentido, na avaliação do Instituto, a COP30 registrou movimentos relevantes que estabelecem um contexto global favorável à descarbonização socialmente viável e economicamente consciente. "Além do apoio de 83 dos 193 países da ONU à proposta de avançar na redução dos fósseis, da iniciativa liderada por mais de 20 nações para quadruplicar o uso de combustíveis sustentáveis até 2035, considerada tecnicamente viável por análises da Agência Internacional de Energia, a conferência também trouxe avanços concretos na agenda de adaptação e financiamento climático. Entre eles, destacam-se o compromisso de triplicar o financiamento para adaptação até 2035, a criação de um mecanismos de transição justa para apoiar populações vulneráveis na mudança para uma economia mais limpa e a aprovação de 59 indicadores internacionais para o monitoramento global do progresso climático", diz André Ferrarese, diretor de Tecnologia e Negócios da TUPY, membro e coordenador do Comitê Técnico de Veículos Pesados do Instituto MBCBrasil.
Luzzi ressalta que o posicionamento do Instituto é acelerar a substituição energética global, baseando-se no potencial bioenergético e na realidade econômica de cada país. "É um desafio substituir 100% dos combustíveis fósseis a curto prazo, mas podemos reduzir drasticamente sua intensidade por meio de mandatos internacionais para o blend de biocombustíveis nos fósseis, da criação de hubs exportadores de etanol, hidrogênio verde, SAF, HVO e combustíveis avançados, escalando a produção sustentável nos países produtores, além de internacionalizar a adoção de veículos flexfuel e bioelétricos desenvolvidos e produzidos no Brasil".
Protagonismo brasileiro
O Brasil, que assumiu oficialmente a presidência da COP até novembro de 2026, terá papel determinante na articulação política e científica rumo à COP31, na Turquia. Nesse período, caberá ao país fomentar contribuições internacionais para escalar a produção competitiva de fontes renováveis, liderando um processo de transição energética flexível e socialmente responsável.
Para Luzzi, a COP30 marca a continuidade de um processo complexo. "O trabalho continua, e a mobilidade brasileira segue sendo referência global. Já mostramos que é possível reduzir emissões com soluções concretas, economicamente viáveis e tecnologicamente maduras. O Brasil está preparado para conduzir esse debate com seriedade e pragmatismo, e a Carta de Belém, publicada pelo Instituto MBCBrasil, Bioenergia Brasil, Anfavea e ÚNICA, mostra o caminho".
Segundo André Ferrarese, "nossa missão institucional nos coloca na linha de frente para elaborar estudos, promover diálogos qualificados e organizar fóruns que fortaleçam diferentes soluções para a descarbonização. Com postura neutra em relação às tecnologias, buscaremos oferecer análises amplas, sólidas e confiáveis, criando as condições necessárias para que a COP31 avance com maior alinhamento entre os países".
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