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Anistia Internacional classifica como desastrosa operação no Rio
Diretora quer reparação judicial e responsabilização das autoridades
29/10/2025 19h01
Por: Redação Fonte: Agência Brasil

A diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil, a médica Jurema Werneck, considera “desastrosa” a operação policial Contenção nos complexos do Alemão e da Penha, nesta terça-feira (28) na zona norte do Rio de Janeiro. Balanço oficial mais recente aponta que ação resultou na morte de 119 pessoas.

Jurema Werneck diz que há desinformação sobre o êxito da operação . “As autoridades da segurança pública dizem que foi uma operação planejada. [Mas] uma operação com tanta morte?”, questionou durante entrevista ao telejornal Repórter Brasil , da TV Brasil .

Diretora aponta que os policiais ontem na Penha e no Alemão não tinham “controle do ambiente” e nem cumpriram com “dever de proteção da vida e do patrimônio.”

“É preciso dizer que essa operação não é um sucesso. É desastrosa. Qualquer pessoa sabe que assassinato e sucesso não entram na mesma frase. Assassinato de centena de pessoas. Nós recebemos notícias de milhares de pessoas traumatizadas e que estão sofrendo.”

Assim, Werneck considera que a operação foi um “retumbante fracasso” para o Estado e para a sociedade. “Não apenas para o governador [Cláudio Castro] e para os seus assessores da área de segurança. O fracasso é para todas e todos nós, infelizmente.”

A fala da diretora da Anistia Internacional contrasta com a avaliação do governador Castro. Segundo ele, a operação foi positiva . "Mostramos ontem um duro golpe na criminalidade e que temos condições de vencer batalhas”, disse pela manhã em entrevista coletiva à imprensa.

Para Jurema Werneck, a fala do governador do Rio de Janeiro “estimula toda ação fora da lei”, e tanto ele quanto a equipe estadual de segurança pública sabe que a operação foi ilegal. “Um desrespeito ao direito internacional, aos diretos humanos, à Constituição e toda legislação brasileira.”

A Anistia Internacional, em conjunto com outras entidades civis e instituições, está colhendo relatos sobre a operação. De acordo com Werneck, o que tem sido informado revela “descalabros”. Ela espera que “o governador apresente as provas da correição da operação, do suposto planejamento da ação.”

A Anistia Internacional promete prestar auxílio às pessoas afetadas pela operação e atuar para que haja reparação judicial e responsabilização das autoridades. “A gente só espera que as instituições brasileiras cumpram o seu dever. O mundo inteiro está vendo.”