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Terras degradadas impulsionam M&A no agro sustentável
Culturas regionais, biodiversidade e ativos ambientais transformam áreas improdutivas em alvo estratégico para fusões e aquisições
09/10/2025 22h17
Por: Redação Fonte: Agência Dino

A recuperação de terras degradadas está ganhando força como vetor de crescimento no mercado de M&A no agronegócio brasileiro. A tendência, que alia rentabilidade com sustentabilidade, desperta o interesse de fundos, empresas agroindustriais e players internacionais que buscam alinhar retorno econômico com impacto positivo. 

Especialistas de mercado apontam vantagens no Brasil para o setor, destacando que “as oportunidades de M&A estão distribuídas por todo o país e envolvem cadeias produtivas específicas, ativos ambientais estratégicos e modelos inovadores de uso da terra”, observa João Silvério, sócio líder de consultoria empresarial e líder de crédito de carbono e economia verde da Grant Thornton Brasil. 

Unindo viabilidade econômica a impacto socioambiental, essa tendência tem atraído olhares. “Temos milhões de hectares degradados Brasil afora. Recuperar essas áreas para uso agrícola e geração de créditos de carbono é mais inteligente e sustentável do que desmatar novas regiões”, explica o especialista. 

Oportunidades de norte a sul do País

O mapa das oportunidades de M&A no agronegócio sustentável brasileiro é tão diverso quanto seu território. Cada região do país reúne características produtivas, climáticas e sociais que moldam diferentes vocações econômicas — desde sistemas agroflorestais na Amazônia até cadeias de biomassa e reflorestamento no Sudeste e Sul. Em cada região brasileira destacam-se vetores de crescimento - considerando culturas agrícolas com forte aderência territorial, estratégias de regeneração produtiva das terras e o potencial de inserção em cadeias de valor sustentáveis e de baixo carbono. 

Thiago Crisol, sócio de Auditoria e líder de Agronegócio da Grant Thornton Brasil, explica que “existem empresas que compram propriedades degradadas, fazem a reestruturação e as revendem. Isso movimenta o mercado com um perfil mais sofisticado de M&A, envolvendo dados georreferenciados, projetos técnicos e estruturação financeira”. 

Segundo os especialistas, o panorama das oportunidades é diverso:

ESG e estratégia internacional

Além da atratividade econômica, as oportunidades de M&A no agronegócio sustentável estão fortemente ancoradas em agendas ambientais, sociais e de governança (ESG), cada vez mais valorizadas por investidores e organismos multilaterais. A regeneração de áreas degradadas não apenas reduz a pressão por desmatamento de novas regiões, como também permite a geração de créditos de carbono certificados, que são ativos valiosos no mercado internacional.

Paulo Saretta, sócio de M&A da Grant Thornton Brasil, ressalta que os “projetos que envolvem comunidades tradicionais - como os povos quilombolas, ribeirinhos e indígenas — agregam valor reputacional e abrem portas para parcerias com fundos de impacto e instituições voltadas à bioeconomia e justiça climática.”

Desafios para o crescimento

O avanço do agronegócio sustentável no Brasil passa, cada vez mais, por estratégias estruturadas de fusões e aquisições que combinem regeneração produtiva, valorização ambiental e impacto social. Com potencial para liderar globalmente a transição para cadeias agrícolas de baixo carbono, o país reúne ativos únicos: terra disponível, diversidade climática, culturas adaptadas a diferentes biomas e comunidades prontas para integrar modelos de desenvolvimento mais inclusivos.

“O Brasil tem uma combinação rara de recursos naturais, conhecimento técnico e necessidade de recuperar áreas degradadas. As operações de M&A que estão surgindo agora não são apenas movimentos de expansão, mas decisões estratégicas que conectam produtividade, impacto ambiental e posicionamento global”, conclui Saretta.